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De onde veio, quem é e o que faz?

O nome gari nasceu em homenagem ao empresário Aleix o Gary que em 11 de Outubro de 1876, assinou contrato com o Ministério Imperial para fazer o serviço de limpeza da cidade do Rio de Janeiro.

Os garis são os responsáveis por recolher as 228.413 toneladas de lixo produzidas em todo o Brasil, incluindo todas as grandes regiões, Unidades da Federação, Regiões Metropolitanas e Municípios das Capitais do Brasil, segundo o IBGE. O gari é o profissional responsável pela limpeza das ruas, praças, parques e vias públicas. Ele trabalha com uma vassoura especial, cuidando da higiene e recolhendo os detritos que as cidades produzem diariamente e não tratam.

Esse profissional é muito importante dentro da sociedade, pois é ele quem cuida da higiene pública. É o gari que faz com que o lixo não se acumule nas ruas e nos bueiros, causando enchentes e permitindo a proliferação de bichos e doenças.

As faces de Erineu

Pai, marido, corinthiano, gari e sonhador. Por: Bianca Bludeni

Você pode descrever a rotina diária do seu trabalho?

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Eu entro no serviço às 6 horas da manhã, por isso acordo as três e meia da manhã. São seis horas de serviço mais uma hora de descanso, por isso as 13h acabo meu trabalho e vou para casa. Eu faço parte dos garis que limpam as áreas da subprefeitura de Pinheiro.

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Quais as principais dificuldades que você encontra no dia a dia como coletor de lixo?

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A primeira dificuldade é o cansaço físico, é muito desgastante e cansativo. Fora isso, as pessoas jogam muito lixo na rua. Por exemplo, eu estou recolhendo o lixo de uma calçada, então um pedestre passa e joga um papel de bala ou bituca de cigarro aonde eu tinha acabado de limpar.

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Como você conquistou esse emprego? O que foi exigido (necessário) para se empregar como coletor de lixo?  

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Eu consigo, com ajuda da minha mulher sustentar a minha casa e meus três filhos. Como tenho o ensino médio completo foi exigido de mim apenas vontade de trabalhar e compromisso.

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Para você, qual é a importância do seu trabalho para a população?

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Para mim é toda. Se não fosse o nosso trabalho as ruas seriam sujas e impossível de se caminhar por elas. A gente sabe que o lixo esta relacionado a saúde, por isso é muito importante nosso serviço.

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E você se sente valorizado / reconhecido?

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Não muito. Algumas pessoas não respeitam nosso trabalham, tacam lixo onde acabamos de limpar. Passam por nós como se nós fossemos invisíveis.

 

Se você pudesse dar um recado para as pessoas que estão na rua qual você recolhe o lixo diariamente, qual recado seria?

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Eu falaria para prestarem atenção no que elas fazem, as ruas são das pessoas, um pouquinho de cada um. Alguém taca lixo na própria casa? Não. Pois bem, então na rua deveriam fazer o mesmo. Se aquela área está limpa é por que alguém limpou e assim que deve permanecer.

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Qual o seu maior sonho?

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Sem dúvida o meu maior sonho é comprar a minha casa própria.

 

Qual o profissional, ator, cantor qual você se inspira? Por quê?

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Não sei, mas acho que o Casagrande. Eu sou muito corinthiano e quando era mais novo meu sonho era ser jogador de futebol tipo o Casagrande

Como era a sua vida antes de ser um profissional de limpeza urbana, e como é hoje?

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Eu trabalhava como camelô nas ruas. Vendia filmes piratas. Não tinha um lugar fixo, tipo a 25 de março. Andava pelas ruas do centro de São Paulo vendendo os DVDs.

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Como é a sua estrutura familiar? Quais as profissões da sua esposa/marido? E, se tiver filhos, quais as profissões?

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Eu fui criado pela minha mãe e pelos meus irmãos mais velhos, pois meu pai sumiu assim que eu nasci. A gente sempre foi pobre, mas graças a deus, minha mãe sempre foi muito trabalhadora e comida quase nunca faltou em casa. Eu sou casado a 8 anos, tenho um filho de 8, outro de 6 e uma menina de 3 anos. Foi por eles que eu resolvi parar de ser camelô e achar um trabalho registrado e dentro das leis. Minha mulher trabalha como empregada doméstica para uma família.

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Você se lembra do seu primeiro dia de trabalho? Como foi? Qual a sua primeira impressão como varredor de rua/coletor de lixo?

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Lembro mais ou menos. Lembro que desde o começo os meus colegas sempre foram acolhedores e companheiros, e também que cheguei em casa com uma dor no corpo de tanto fazer o mesmo movimento várias vezes.

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Como é a sua rotina quando está em casa?  

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Eu trabalho seis dias na semana, por isso fico pouco em casa. Mas quando chego do trabalho, espero as crianças chegarem da escola e a minha mulher do serviço. Ficou um pouco com eles aí logo janto e vou dormir as 8 horas da noite, antes de todos pois sou o que acorda mais cedo.

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Qual a história mais curiosa que você já vivenciou no seu trabalho?

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Um dia estava varrendo as ruas como sempre faço, aí passou um homem bem vestido, falando no celular e morrendo de pressa. Foi quando caiu a carteira dele no chão. Quando eu vi, sai correndo, peguei a carteira dele e fui devolver para ele. Quando eu devolvi ele falou assim: “muito obrigado! Está faltando no mundo pessoas assim como você, honestas”. Aí ele tirou duas notas de 50 reais da carteira e me deu. Isso eu nunca vou me esquecer.

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Aonde você mora há coletores de lixo e varredores de rua? Qual a sua visão sobre a importância do trabalho deles?

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Eu moro perto do Embu das Artes e ainda não tem coletores e nem varredores de rua. Seria muito importante, pois as ruas são bem sujas e quando chove muito alaga. Graças a deus minha casa é em uma subida, então nunca alagou mas quem mora mais para baixo já teve as casas alagadas.

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Se você pudesse passar uma mensagem todos os dias quando fosse varrer as ruas ou coletar o lixo, qual seria essa mensagem?

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Eu falaria para as pessoas cuidarem mais da própria cidade. Para elas pensarem que as ruas também são um pouco da casa delas, como um quintal. Quem taca lixo no próprio quintal? Ninguém. Por tanto, não taquem nas ruas. O lixo tem o seu lugar certo para ser jogado, sem contar que a cidade possui uma lixeira a cada quarteirão quase.

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