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Você sabia que os resíduos podem virar arte?

A arte do lixo reciclável

O lixo, ou resíduos se usarmos um termo mais contemporâneo, nunca é agradável aos sentidos em geral. Por exemplo, no município de São Paulo, até 1972, o lixo reservado para a retirada era armazenado em latões, como vemos nos desenhos animados. Porém não produziam uma música agradável aos ouvidos: faziam muito barulho quando passava a coleta, para a irritação dos moradores. Nada artístico. 

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Nesse mesmo ano, em outra parte do mundo, Estocolmo, a discussão sobre o excesso de lixo e a responsabilidade dos homens quanto ao seu destino era debatida na Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente. Desde lá então, o que fazer com o lixo se tornou prioridade através de políticas públicas de reciclagem. O lixo passou a ser tratado como matéria prima fora de lugar. Assim, foram criadas leis e programas educacionais em muitos países. O resultado dessa conscientização ainda não está perfeito, porém já é parte do dia a dia das pessoas. 

 

A partir do Modernismo, a arte se permitiu a liberdade de diversas formas de manifestar o ser humano. No século 20, os destroços oriundos de guerras e do consumo  sã umas dessas formas de expressão. Uma exemplo brasileiro notório foram as obras do artista plástico Vik Muniz. O trabalho feito com catadores de lixo no aterro de Gramacho, na baixada fluminense, quase ganhou o prêmio de melhor documentário com o filme “Lixo Extraordinário” e se popularizou com a abertura da novela global Passione, em 2010. Outro trabalho de arte, que ocorre em São Paulo, é o Pimp My Carroça em que, desde 2012, artistas “turbinam” carroças de catadores. Com tom de responsabilidade social e humor, as carroças são estilizadas com o objetivo de garantir segurança a esse trabalhadores e conscientizar a sociedade da dignidade deles. Atualmente, o Pimp my Carroça é mantido por crownding funding  e já arrecadou cerca de R$ 60 mil.

Festivais Internacionais

Neste ano, na Europa e no Brasil, dois grandes eventos fizeram parte do calendário da  arte com recicláveis.

O Festival Internacional Recuore, que ocorreu no mês de maio na Espanha, propõe tendências globais para o desenvolvimento sustentável. Através de trocas culturais, os materias utilizados devem reduzir ao máximo a quantidade de resíduos e não devem ser prejudiciais ao meio ambiente.

De acordo com o programa do festival, a intenção é gerar reflexões e mudanças de atitudes  na

sociedade com trabalhos de artistas que promovam uma visão criativa e construtiva. Ao todo, participam artistas de oito países.

Outro evento, originado em Moçambique, esteve no País em junho. O II Festival Afreaka - Encontro de Brasil e África Contemporânea. O Afreaka foi um movimento pós - guerra criado em 1995 por aristas desse país com a campanha “Transformação de Armas em Enchadas" (TAE).

“O objetivo era reconstruir o país começando pelo chão, de onde crescem as coisas e depois transformar guerra em arte, em paz”, explica o escultor Carlos Jamal ao site do grupo. Ele foi um dos pioneiros do movimento que tirou de circulação mais de 700 mil armas.

Em 18 anos de atuação, o projeto, que começou em 1995, já arrecadou mais de 700 mil armas. Transformadas em artísticos de paz. As obras percorreram as galerias do mundo em dezenas de exibições, caracterizando um novo gênero de arte contemporânea: a catártica pós guerra. Entre os objetos produzidos de maior destaque, estão  uma cadeira entregue ao Papa para assinar um acordo de paz e a “Árvore da Vida”, hoje obra permanente do British Museum. 

Por Lídia Ferreira

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